#10

Décima vez que escrevo um cardinal. 
Décima vez que escrevo um texto, para este canto que ninguém dá atenção.
É sempre assim, cada vez que escrevo um texto começo numa ponta e acabo noutra.
Estou constantemente a mudar de assunto, como que se não aguentasse permanecer num só.
Mas também, who cares, os textos são para, basicamente, mim.
São um desabafo que deito fora aqui num canto da internet.
Desabafos que fazem melhor do que podem imaginar.
E lá estou eu a mudar de tópico.
Não é que isto tenha um tópico, whatever.
Que instável, que nem um "tópico" consigo manter.
Estou kinda of que a deprimir.
Quero escrever.
Nem que sejam coisas à toa.
Como agora.
What the fuck.
Instável, é o que eu digo.
Bem só para dizer que não aguento com a minha vida.
Estou aborrecida na minha triste vida.
Estou farta.
I don't care.
Vou parar de dizer merda.
Décimo texto de merda.
Que se foda.
Adeus.

#9


Adolescência.
Diria que é uma coisa fudida na vida.
Uma coisa que nos marca para a vida das piores e melhores maneiras.
Eu, sinceramente, odeio ser adolescente.
Não somos crianças, nem somos adultos.
Temos responsabilidades e deveres de adultos mas tratam-nos como crianças.
Horrível.
É a palavra que eu uso para descrever esta fase da vida.
Por razões várias, que são demasiadas para serem escritas.
Vocês, sendo adolescentes, sabem-as.
Nós somos como que bipolares.
Num momento está tudo melhor que nunca e noutro estamos no fim do mundo.
Parece que ninguém nos compreende, para que nunca ninguém esteve no nosso lugar.
Na verdade há sempre alguém que nos compreende e todos já estiveram no nosso lugar.
Todos já foram adolescentes, uns piores que outros, mas todos adolescentes.
Mas muitas vezes essas pessoas que outrora foram adolescentes devem ter apagado a memória, do quão horrível foi essa fase.
Porque, por exemplo, os nossos pais não se colocam no nosso lugar?
Temos exames, testes, temos que nos esforçar para termos um futuro melhor.
Temos paixonetas, amores impossíveis, estamos sempre a procurar por o que eles têm.
Temos a sociedade, sempre a julgar cada decisão e forma de ser.
Temos de agradar estes todos acima, ou pelo menos sentimos que temos.
E nunca conseguimos fazer o trabalho 100% bem, depois de ilusões e desilusões.
No fim, é simplesmente...

Complicado.



#8

Tranquei-me naquele quarto de banho, como se tal fosse salvar a minha vida.
Estava escuro e parecia seguro, mas só ouvia gritos e mais gritos vindos de fora.
A minha vontade chorar controlou-me naquele momento, as lágrimas caiam umas atrás das outras como se estivesse alguém ou algo à porta da morte.
Queria sentir-me segura, que nada de mal me fosse acontecer.
Queria que ela parasse de agir como minha inimiga e de me tratar como uma estranha.
Queria voltar a ser como éramos....
Mas ganhei medo. Ganhei medo às suas atitudes, às suas palavras.
Palavras que dantes me davam força e auto-estima, e agora só me destroem por dentro. Palavras. Algo tão simples fez-me algo tão horrível.
Só sei que não queria sair daquele espaço pequeno, escuro e como que trancado a sete chaves.
Senti-a que era o meu porto seguro, onde podia até chorar de tanta agonia provocada. Chorava desalmadamente, como se não houvesse amanhã...
Os gritos continuavam e eu só tapava os meus ouvidos com a maior força possível para não ouvir as palavras que me iriam atingir.
Sei que havia pessoas que naquele momento me queriam proteger, no meio daqueles gritos. Umas a defender-me de insultos, outras a tentar entrar no lugar onde me trancara.
E quando abri aquela porta para a pessoa entrar, os gritos ainda continuavam, e eu fechei os meus olhos para nem conseguir ler os lábios dela, nem ver a discussão que continuava.
A pessoa, preocupada comigo, entrou o mais rápido possível, e voltou a trancar a porta. Abraçou-me...
Eu ainda a chorar, só pensava no quão humilhante era eu chegar aquele estado por culpa de uma simples pessoa e estarem-me a ver assim.
O apoio foi mais do que necessário e bem recebido naquele momento, mas nada me preparava para o que aconteceria depois dos gritos acabarem.
A pessoa pediu para sairmos dali, para eu me recompor e sair dali o mais rápido possível. Eu recusei, não sairia dali até os gritos, direccionados a mim, acabarem. Não aguentava nem mais um ataque daqueles, nem mais uma palavras maldosa, não vinda dela.
Por isso esperamos que acabassem e quando finalmente o silêncio governou, sai dali...

#7


Lembro-me que quando ia para a escola de manhã. Saia de casa e estava um frio do caralho, agarrava-me ao casaco com imensa fé por causa do vento. Já com os fones postos e com o volume no máximo a ouvir "The A Team" do Ed Sheeran. Esta música trás-me imensas memórias GOD
Faz-me lembrar de uma eu sozinha durante duas horas no caminho da escola.
 Uma eu que ia para a paragem e que entrava no autocarro e se sentava o mais longe possível e sempre à janela. Uma eu que olhava atentamente para a rua e via as pessoas nos seus carros a irem para o emprego, que via a chuva a cair e as gotas a caírem lentamente no vidro. Uma eu que olhava para a porta em cada paragem do autocarro na esperança de encontrar alguém conhecido e que levasse a solidão para longe. Faz-me lembrar daquelas manhãs em que eu finalmente chegava à escola e esperava ansiosamente pela minha agradável companhia que convivia alegremente comigo todas as manhãs. Faz-me lembrar de quando a minha companhia arranjou namorada e eu detestava chegar lá de manhã e ficar a olhar para eles agarradinhos e eu ali outra vez sozinha. Como eu detestei amargamente esses dias e esperava desesperadamente pela vinda de alguém e assim não ficava "sozinha".
Sorte a minha que isto é passado, sorte a minha que já não me sinto constrangida ao pé daqueles dois e sinto imensa felicidade por eles. Sorte a minha que avancei.