Com este copy e paste não tenho intenção de assustar ninguém nem nada. Achei esta espécie de carta maravilhosamente estúpida., apesar de a vida nem sempre ser o que queremos o suicídio não é das melhores opções, mesmo que por vezes pareça a única solução. Façam o que entenderem ser o melhor não sou eu que vos vou impedir só digo isto.
"Hoje de manhã remeti ao devido destinatário uma pequena carta anunciando o meu suicídio. O tom é insuportavelmente piegas e sentimental mas depois de contar uma anedota muito engraçada (só de me lembrar já estou a rir) acaba da seguinte forma: “Espero que estejas a rir. A sorrir pelo menos. Far-me-ias sorrir.” A anedota era um diálogo entre a Branca de Neve e um dos sete anões (o Grumpy), e apesar de a última frase não ser literalmente verdadeira (é difícil sorrir quando se está morto) quero acreditar que no essencial resume o que eu sinto.
Tive que sair de casa para comprar envelope e selos. Já na loja a empregada, a piscar o olho, perguntou-me se era para uma carta de amor. Eu disse a verdade e respondi que sim. Ela riu-se e eu sorri. De volta a casa dei de caras com toda a espécie de imagens de morte. Um trilho de formigas dilacerava um insecto e depois desaparecia para dentro de uma parede. Um acidente de carro. Uma árvore nua a espetar as baionetas dos ramos na barriga do céu. Uma mulher de olhos castanho-claros. Um crucifixo. Escorreguei em porcaria de cão, tropecei numa pedra e caí ao chão (rima não intencional). Querem melhores imagens de morte que estas? Escrevi a carta, saí outra vez de casa, larguei o envelope no correio e a ranhura largou um arrotozinho de prazer, escorreguei em porcaria de cão e caí ao chão (rima não intencional), voltei para casa. Já estou morto, querida.Supervisiono os instrumentos de morte à minha disposição (esta rima é de propósito). Originalmente, pensei em enforcar-me, mas mesmo em cima de um banco e com os braços esticados, sou demasiado baixinho para chegar ao tecto e pendurar uma corda. Além disso tenho medo das alturas. Tenho uma tesoura para espetar no pescoço e uma carteira por abrir de lâminas de barbear afiadinhas para cortar os pulsos. Mas para usar a primeira é preciso ter uma mão firme e forte e para a segunda teria sido melhor se eu tivesse nascido hemofílico. Posso escolher uma morte eléctrica ao enfiar os dedos convenientemente delambidos na tomada. Já estou a ver o filme inteiro: a ser electrocutado, em convulsões violentas e os cabelos em pé... as luzes a falharem... a instalação eléctrica estoura e... nada. Olho para as pontas dos dedos chamuscados, sinto o coração... continua a bater, raios! Alternativamente, posso usufruir (boa palavra esta, usufruir) de uma morte química por engolir algumas centenas de comprimidos colhidos das dezenas de caixas de medicamentos espalhados por casa. Mas talvez não seja boa ideia, pois posso cair inconsciente antes do momento final, coisa que não pode acontecer por nada deste mundo. Ou, pior ainda, distraído como sou acabo por tomar apenas soporíferos inofensivos ou purgantes de grande potência. Hmmm, talvez devesse comprar um revólver. Mas onde? Sempre posso atirar-me da janela nas traseiras. Mas vivo num quarto andar e acho que a distância daqui até ao chão é suficiente apenas para me quebrar alguns ossos. E duvido que a porteira me deixasse rastejar sangrando pela casa dela fora, escadas acima e de volta à minha janela para me atirar outra vez. Ou o gigantesco cão que ela tem preso no pátio, um homossexual impotente, atirava-se a mim e começava a lamber-me todo. Além disso tenho medo das alturas. Hei de me lembrar (quase ia escrevendo lamber!) de qualquer coisa eficaz e certeira como tubarões ou advogados."
PEACE ☮
Carta de: Fragmentos
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