Demasiado longo para (provavelmente) ler

Bem pode-se dizer que estive muito tempo longe daqui, muito tempo sem dar sinal de vida e muito tempo sem dizer nada.
Mas, em horas difíceis, sei que posso contar com este canto meu e sei que posso vir aqui falar de tudo e simplesmente desabafar.
Neste momento, tenho as lágrimas nos meus olhos, balançando levemente tentando não escorregar no meu rosto. Mas comparadas com a minha vida estas lágrimas não são nada.
Há muito tempo atrás, quando estava no que pensava ser o meu "bater no poço", eu disse a mim própria "Pior não pode ficar" mas adivinhem...pior ficou e agora...agora não sei que mais posso fazer se não aguentar dia por dia, sem derramar uma única lágrima e vaguear num corpo em que não existe uma alma com vontade própria e com vontade de viver.
Perdi a pessoa que era e perdi a pessoa que quero ser, e isto que ficou é bastante odiável. Ou seja, odeio o que sou, odeio o que sou.
O meu passado afecta o meu presente e o meu presente cada dia fica pior. E eu me pergunto: "Como é que possível eu aguentar viver todos os dias num sítio que me é igual ao Inferno?" e a resposta para isto é: "Não é possível."
Creio fortemente que em todos os aspectos da minha vida isto está um erro irremediável que não tem nenhuma opção de resolução ou melhoramento.
A nível de amizade, não tenho amigos. Não tenho ninguém de confiança com quem me consigo relacionar. Perdi a fé nas pessoas e tenho medo de me aproximar e de magoar. Mais uma vez o passado intrometeu-se no meu presente e agora não consigo fazer amigos e não só estou sozinha como me sinto-me sozinha.
A nível amoroso [riso irónico] nunca tive uma vida amorosa que se pode dizer. A minha "vida amorosa" é composta por uma data de pessoas por quem me apaixonei e nunca fui correspondida. Mas a verdade e a verdadeira complicação aqui é a minha sexualidade. Desde sempre gostei de rapazes, desde sempre fui heterossexual e o seguinte pode gerar homofobia ou algo que vos irá repugnar para alguns. Eu voltei a apaixonar, mas desta vez foi ainda mais diferente porque...foi por uma rapariga. Aconteceram coisas, coisas foram ditas, coisas foram ditas e eu apaixonei-me por esta rapariga incrível que sempre me foi querida e simplesmente não tenho palavras para a descrever, porque meras palavras nunca poderiam descrever um ser humano tão magnífico como ela e meras palavras nunca poderiam descrever o que sinto por ela. Dizer que a amo é uma simples tentativa de chegar ao coração dela que simplesmente falha.
Agora como tudo na vida, como tudo na minha vida, este meu amor não foi correspondido e como amuleto da sorte que sou ela arranjou namorada.
Agora cada vez que a vejo a minha pele queima, a minha mente distorce e tudo o que uma vez soube desaparece, de repente não sei falar, não sei andar, não sei o meu nome. Não sei como reagir ao pé dela ou se deveria reagir de todo. Por agora, ignoro-a. Por cortesia à namorada e pelo meu próprio bem. Como é que é possível eu manter contacto com a pessoa que amo sabendo que ela amo outra, não é, para mim não é possível. Eu quero tocar-lhe, quero sentir cada célula dela em mim, quero sentir que ela é minha e como podem ter reparado isso não é possível, ela é de outra pessoa. Não consigo aguentar isso...a verdade é que não aguento e apesar de não falar com ela e não ter nenhum contacto com ela mata-me este meu desejo por ela não poder ser exprimido ainda me mata mais. Por isso vou-me conter, vou conter estes sentimentos até eles desaparecerem e depois...depois logo se vê.
Depois a família. A minha família era a única coisa que tenha de sobra, era a única coisa estável na minha vida. E agora a instabilidade tomou conta dela também. A relação com os meus pais piorou, agora é quase todos os dias discussões, e todas as noites acabo eu a chorar. Agora tento passar todos os dias fora de casa do quão insuportável isto se tornou. Se a família era a única coisa que me restava e agora eu tento afastar-me dela...eu penso "No quê que eu me fui meter e porquê que as coisas estão assim? Porquê que me sinto assim?"
Agora apercebo-me a minha vida está um caco. E a única razão, o único problema de ela estar assim sou eu. Aqui está a rasteira, como é que se pode remediar uma vida se o problema é a pessoa que é dona dessa vida?
A pergunta pode ter rasteira mas tem uma resposta bastante plausível. É livrar-nos do problema, livrar-nos da pessoa. Eu tento, eu juro que tento, mas por alguma razão é me difícil, não tenho nada a prender-me aqui mas é difícil.
Estar viva parte-me o coração mas o pensamento dos meus pais virem-me acordar num sábado de manhã porque não me levanto e encontrar-me numa posição congelada, sem respirar e qualquer batimento cardíaco. O pensamento deles encontrarem-me morta parte-me o coração ainda mais.
É difícil, pode ser que eu nem consiga, mas se piorar muito mais pode muito bem tomar um esse rumo.
Agora. Esta...é a situação actual.
Nestes últimos meses muitas mais coisas aconteceram. Os meses passaram, estações decorreram, celebrou-se um ano mais. E tem sido uns quantos meses marcantes, uns piores que outros, e tudo me levou até onde cheguei.
E agora, agora desabafei, quero chorar...imenso. E eu só quero uma tentativa de recomeçar tudo, seja através do que tiver de ser.
Isto não vai ser um adeus, vai ser um até breve e espero que vocês estejam todos tendo um bom dia e um bom ano e espero que vos corra tudo bem e melhor que a mim.
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#11 "Olá"

Ele: Olá.

"Estás a brincar comigo certo? Um mês sem falar, uma porra de mês. Um mês sem responder de volta, um mês sem dirigir uma única palavra, um mês sem saber como estavas.
Tentei não me importar com isso, mas admito que não o consegui e estive deprimida à toa.
Não consegui assimilar como é que de um momento para o outro uma pessoas que dizia que gostava tanto de mim, que falava comigo todo santo dia, deixou de dar sinal de vida...Fiquei magoada claro.
E agora vens com um olá? Mas pensas que sou para brincar? Pensas que sou algum brinquedo de feira que se quiseres voltar a andar pões uma moeda e voltas a andar? Foda-se nem venhas com Olás.
Tenho sentimentos e tu magoaste-os, agora que enterrei o assunto não queres desenterrá-lo.
Vai-te embora da minha vida. O que me fizeste? Volta a fazer e não retornes mais o contacto, volta para a puta de sítio de onde vieste e nunca mais voltes, nunca mais voltes a magoar-me. Adeus."

Eu: Olá.

Um simples olá pode despertar tanto coisa em nós. Pode despertar tantos sentimentos...
Ainda há bocado não sabia o que responder-lhe...o que me veio à cabeça foi exactamente o que está acima.
Estava a ser consumida pelos meus sentimentos que iriam ganhar controlo sobre mim se agisse de imediato. O que fiz depois de pensar uma segunda vez foi fugir disto.
Agora que já tenho a cabeça mais esfriada digo que não vou dar-lhe uma resposta sentimentalista, nem uma resposta simples, simplesmente não vou responder-lhe. Vou pagar-lhe na mesma moeda, fazer o que ele fez a mim. 
Assim de certeza que não sou afetada, e acho que vou simplesmente deixar as coisas andarem.
O tempo tudo dirá...pelos menos quero acreditar nisso.


#10

Décima vez que escrevo um cardinal. 
Décima vez que escrevo um texto, para este canto que ninguém dá atenção.
É sempre assim, cada vez que escrevo um texto começo numa ponta e acabo noutra.
Estou constantemente a mudar de assunto, como que se não aguentasse permanecer num só.
Mas também, who cares, os textos são para, basicamente, mim.
São um desabafo que deito fora aqui num canto da internet.
Desabafos que fazem melhor do que podem imaginar.
E lá estou eu a mudar de tópico.
Não é que isto tenha um tópico, whatever.
Que instável, que nem um "tópico" consigo manter.
Estou kinda of que a deprimir.
Quero escrever.
Nem que sejam coisas à toa.
Como agora.
What the fuck.
Instável, é o que eu digo.
Bem só para dizer que não aguento com a minha vida.
Estou aborrecida na minha triste vida.
Estou farta.
I don't care.
Vou parar de dizer merda.
Décimo texto de merda.
Que se foda.
Adeus.

#9


Adolescência.
Diria que é uma coisa fudida na vida.
Uma coisa que nos marca para a vida das piores e melhores maneiras.
Eu, sinceramente, odeio ser adolescente.
Não somos crianças, nem somos adultos.
Temos responsabilidades e deveres de adultos mas tratam-nos como crianças.
Horrível.
É a palavra que eu uso para descrever esta fase da vida.
Por razões várias, que são demasiadas para serem escritas.
Vocês, sendo adolescentes, sabem-as.
Nós somos como que bipolares.
Num momento está tudo melhor que nunca e noutro estamos no fim do mundo.
Parece que ninguém nos compreende, para que nunca ninguém esteve no nosso lugar.
Na verdade há sempre alguém que nos compreende e todos já estiveram no nosso lugar.
Todos já foram adolescentes, uns piores que outros, mas todos adolescentes.
Mas muitas vezes essas pessoas que outrora foram adolescentes devem ter apagado a memória, do quão horrível foi essa fase.
Porque, por exemplo, os nossos pais não se colocam no nosso lugar?
Temos exames, testes, temos que nos esforçar para termos um futuro melhor.
Temos paixonetas, amores impossíveis, estamos sempre a procurar por o que eles têm.
Temos a sociedade, sempre a julgar cada decisão e forma de ser.
Temos de agradar estes todos acima, ou pelo menos sentimos que temos.
E nunca conseguimos fazer o trabalho 100% bem, depois de ilusões e desilusões.
No fim, é simplesmente...

Complicado.



#8

Tranquei-me naquele quarto de banho, como se tal fosse salvar a minha vida.
Estava escuro e parecia seguro, mas só ouvia gritos e mais gritos vindos de fora.
A minha vontade chorar controlou-me naquele momento, as lágrimas caiam umas atrás das outras como se estivesse alguém ou algo à porta da morte.
Queria sentir-me segura, que nada de mal me fosse acontecer.
Queria que ela parasse de agir como minha inimiga e de me tratar como uma estranha.
Queria voltar a ser como éramos....
Mas ganhei medo. Ganhei medo às suas atitudes, às suas palavras.
Palavras que dantes me davam força e auto-estima, e agora só me destroem por dentro. Palavras. Algo tão simples fez-me algo tão horrível.
Só sei que não queria sair daquele espaço pequeno, escuro e como que trancado a sete chaves.
Senti-a que era o meu porto seguro, onde podia até chorar de tanta agonia provocada. Chorava desalmadamente, como se não houvesse amanhã...
Os gritos continuavam e eu só tapava os meus ouvidos com a maior força possível para não ouvir as palavras que me iriam atingir.
Sei que havia pessoas que naquele momento me queriam proteger, no meio daqueles gritos. Umas a defender-me de insultos, outras a tentar entrar no lugar onde me trancara.
E quando abri aquela porta para a pessoa entrar, os gritos ainda continuavam, e eu fechei os meus olhos para nem conseguir ler os lábios dela, nem ver a discussão que continuava.
A pessoa, preocupada comigo, entrou o mais rápido possível, e voltou a trancar a porta. Abraçou-me...
Eu ainda a chorar, só pensava no quão humilhante era eu chegar aquele estado por culpa de uma simples pessoa e estarem-me a ver assim.
O apoio foi mais do que necessário e bem recebido naquele momento, mas nada me preparava para o que aconteceria depois dos gritos acabarem.
A pessoa pediu para sairmos dali, para eu me recompor e sair dali o mais rápido possível. Eu recusei, não sairia dali até os gritos, direccionados a mim, acabarem. Não aguentava nem mais um ataque daqueles, nem mais uma palavras maldosa, não vinda dela.
Por isso esperamos que acabassem e quando finalmente o silêncio governou, sai dali...